segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Porque qualidade de software?

Graças ao invento de Ted Hoff, um jovem engenheiro da Intel, em 1969 foi possível inserir num pequeno pedaço de silício os elementos necessários para o processamento computacional. O feito de Hoff ajudou a produzir a primeira calculadora (projeto da Intel para a empresa japonesa Busicom) capaz de executar inúmeras funções inovadoras, além do que ajudou a mudar radicalmente a abordagem original do projeto. Dois anos mais tarde a Intel lançou o 4004, o primeiro microprocessador, que se constituiu do empacotamento de todos os elementos necessários ao funcionamento de um computador num pequeno pedaço de material que geralmente é o silício. Os avanços da tecnologia da informação, extrapolados da iniciativa de Hoff, como os computadores, as redes e os avanços produzidos com software, fizeram com que as Organizações passassem a abordar os recursos de TI como sendo críticos para atingir o sucesso dos negócios.
Em uma primeira abordagem, o software parece não ter uma forma tangível, pode assumir um número infinito de formas para, pelo menos teoricamente, atender a um cem número de aplicações. Graças a essas características e ao seu alto padrão de abstração e maleabilidade, pode-se considerar que a inovação tecnológica em software não conhece limites. Contudo, esta não representa a realidade. Para a maioria das pessoas usuárias do software ele não existe como uma “idéia”, ou qualquer tipo de abstração. A realidade mostra que o software tem sido abordado como um produto tangível, comprado com dinheiro e espera-se dele a aplicabilidade de resultados práticos reais. Desta feita, também, o produto de software está sujeito ao efeito de regras econômicas, mercados e competição, tanto quanto qualquer outro produto físico.
A manufatura iniciou a abordagem da qualidade procurando a medida da qualidade no produto acabado e, depois sob a influência de Deming, Juran e Shewhart, passou a considerar todo o processo de produção e, em seguida, extendeu a abordagem para a Organização como um todo. É inegável, ainda, o consenso em torno da engenharia que amparou as premissas da não-adeqüação na manufatura, o que não se tem observado em Organizações envolvidas com a construção de software. Estas tem se deparado com dificuldades específicas como a necessidade de alta e complexa tecnologia, a dificuldade de se testar o software e problemas de gerenciamento específicos. A tentativa de repetição do modelo da manufatura para a indústria de software, assim, revelou o impacto da peculiaridade da construção de um produto intangível. Os envolvidos com a construção do software criaram normas, métodos, metodologias e práticas com a abordagem centrada no desenvolvimento do produto de software. Mas que qualidade de software temos com tudo isso?

2 comentários:

Myrna disse...

Garvin também "é o cara". Já ouviu falar das oito dimensões estratégicas?
http://209.85.165.104/search?q=cache:8n5hByz_GhIJ:interfacesdesaberes.fafica.com/seer/ojs/include/getdoc.php%3Fid%3D31%26article%3D20%26mode%3Dpdf+garvin+dimens%C3%B5es&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br

YOSHIDA, Sérgio Fumio disse...

Esse texto é muito bom e caracteriza a qualidade segundo a sua evolução "tradicional" (a da indústria tradicional).
No caso da chamada IT, como abordamos qualidade de produto e qualidade de processo?
Não nos esqueçamos que no caso, por exemplo, do software é muito difícil traçar um paralelo com a engenharia "tradicional"(que manipula fênomenos físicos em prol de construir coisas).
Existem teóricos que comparam o desenvolvimento de software com arte (música, escultura, artes plásticas ...).
Bom ..., mas se compararmos com música, tem se feito muita (mas muita mesmo) música ruim, não?

Uma ferramenta é só (e não passa de) uma ferramenta.

"Nenhum veículo é mais importante do que a carga que ele carrega." (Thomas Davenport)